O que acontece quando a luz se apaga..?
Como seria, se não se apagasse..?
Todos nós agimos de acordo com o que aprendemos ao ver, ouvir ou ler dos outros, mas poucos seguimos o que sentimos.
Ficamos presos desta forma numa teia que não se desmancha, sem a nossa intervenção, sem nossa acção.
Somos fragmentos do que poderíamos ser, somos pedaços do todo que nos completa, somos instantes num tempo que se demora, momentos num retrato que se decompõe a partir do momento que é capturado, pois não evolui, não muda, não cresce.
Calar o que sentimos porque nos dizem ser o mais adequado, para não incomodar, é o caminho mais rápido para o silêncio mais incómodo de todos, o da nossa total ausência, o da porta que se fecha, a luz que se apaga e sopro que.. expira.
Vejo e sinto muito forte sinais de grandes fissuras neste firmamento de dores oclusas, de sofrimentos omissos, de sentimentos adiados, por motivos de “força maior”, por razões que algo ou alguém exterior a nós ditou e assim ficou escrito, e assim se fez e tem feito.
Já Chega!
É preciso parar com esta insanidade de guardar o que nos corrói como quem engole o fumo do tabaco, o seu e o dos em seu redor, para que não incomode a ninguém à sua volta.
Vamos deixar que flua até onde precisa fluir, como um rio que não pára perante nenhum obstáculo, rumo a um mar que lhe é casa.
Apagou-se mais uma luz, entre muitas outras que se estão apagando, extinguindo, desistindo de acreditar, perdendo a força para segurar.
Deixou-se cair, cair na fraqueza que por um momento, foi maior que a crença que vale a pena sentir, mesmo em dor, apesar da dor, vale a pena acreditar que vale a pena viver.. se for para ser autêntico, se for para ajudar e ser ajudado, se for para fazer a diferença, nem que seja na nossa própria vida.
Viver escreve-se em comunidade, em conjunto, em partilha, na emoção que se dá e recebe, escreve-se sem caneta e sem papel, pois é na pele que se grava o que se sente, que se guarda o que nos faz suspirar, e é num arrepio que se regista o que a alma tanto nos pede e o corpo resiste em aceitar.
Aceita..
Eu estou aqui.